É tempo de formação docente para termos um 2024 ainda melhor
Faz uma semana que não escrevo textos para o medium. Isso porque resolvi ler um pouco mais nesse período, e acabei ocupando um tempo significativo de meus dias, passando os olhos por linhas retas em livros de pessoas que admiro e que revelaram histórias que nos ajudam a projetar nossa imaginação, a compreender as diferentes realidades e a respeitar todos.
Foram 6 livros em 10 dias, a maioria deles de ficção. Ler é um dos principais combustíveis para a imaginação, e consequentemente, para que possamos escrever mais e melhor.
Hoje, fico pensando nas histórias que li, enquanto escrevo estas linhas. Mas o fato é que eu escrevo, na maioria das vezes, sobre educação. E por isso busco também nessas histórias, caminhos para compreender como podemos transformar realidades e desenvolver espaços educacionais mais inclusivos, mais diversos e nos quais exista equidade. Boa parte do que li nessa semana, apontava para questões como estas.
Esses temas são importantes, especialmente na entrada do ano, pois nas próximas semanas temos um número gigante de escolas e universidades Brasil a fora desenvolvendo atividades de formação de professoras e professores. Estas atividades podem trazer para a pauta competências necessárias para lidar com realidades que se transformam, dia após dia.
Se você vai participar de atividades de formação, aqui mando algumas dicas que me parecem pertinentes para este momento, baseado nas formações que já organizei, nas que participei, e também nas formas como aprendemos.
- Priorize espaços de troca: ser professora se revela muitas vezes como uma atividade de muita dedicação e também de um certo isolamento. Temos que pensar no semestre ou no ano letivo. Temos que planejar atividades. Temos que conhecer os alunos e construir engajamento. Ao longo do tempo, à medida que tentamos fazer cada uma destas coisas, vamos naturalmente nos fechando para ter foco e aprimorar nossas atividades. Quando as coisas dão certo, ficamos felizes, mas não temos espaços coletivos para compartilhar. Quando dão errado, ficamos chateados e guardamos isso para nós. Por conta disso, é fundamental criar espaços onde possamos, em um ambiente seguro, trocar experiências. Isso pode acontecer em ambientes digitais, como plataformas onde podemos depositar as melhores e mais desafiadoras práticas, ou em espaços coletivos, de debate e de troca de ideias. Para mim, os melhores espaços de formação docente envolvem esse lugar: uma sala aberta, uma mesa de debate, um espaço onde cada um de nós pode dizer o que pensa e ouvir e dar feedback.
- Ensinar envolve fazer: busque atividades hands-on, onde possa, além de trocar com os colegas, desenvolver ações que possam impactar a sua didática. Uma formação na qual temos espaço para desenhar nossas aulas, projetar ou aprender novas ferramentas para usar no ano, me parece uma ótima alternativa. Quando participamos de espaços assim, saímos com algo tangível que pode ser usado na nossa turma.
- Escute: uma das principais competências de um bom profissional, e incluímos aqui os professores, é saber escutar. Precisamos exercitar isso, pois a escuta é um pré-requisito para uma conexão autêntica. Participe de alguns seminários de temas que lhe interessam e escute, reflita. Quando estiver em espaços coletivos ou de grupo, abra espaço para a escuta.
Independente do tipo de atividade, estou certo de que sempre aprendemos. O mais importante é entrarmos nestes espaços abertos para ouvir, para trocar e para receber e oferecer o que temos de melhor. Ensinar é de certa maneira um ato coletivo, assim como aprender. Momentos de formação são espaços de construção desse aprendizado, que nos provoca a mudar a forma como ensinamos.