Santa Maria — Sou daqui!
Esta semana fui a Santa Maria. Fazia algum tempo que não ia lá, e rever lugares que fazem parte da minha historia, é sempre bom. Foi jantar com meu irmão e tive o prazer de andar pelas ruas da cidade.
Eu estava no Itaimbé Hotel, e sai dali caminhando em direção ao Pastelão — mais ou menos um quilômetro e meio de distância.
Acho que aqui em Porto Alegre eu não faria isso, sair caminhando a noite, no centro. Em Santa Maria, não sei se determinado local é mais ou menos perigoso, mas acho que me senti como toda pessoa que volta para sua cidade natal. Parece que temos um superpoder, um cinto de utilidades que nos proteje, tipo: eu sou daqui, nada pode acontecer. E foi assim, andei por ruas mal iluminadas, passei por muitas pessoas, cada uma em seu próprio ambiente, com seu próprio objetivo, indo para um lugar diferente.
As ruas da cidade são assim, elas vivem dos passos que damos nas infinitas direções que podemos seguir. Quando a vida, o fluxo pára, a rua morre. Durante a noite, isso quase que naturalmente acontece. Mas em Santa Maria é um pouco diferente. Uma cidade universitária, com muitos bares nos diferentes bairros e especialmente no centro, faz com que a vida pulse mais forte, e a noite não seja um momento de medo, mas de celebração.
As ruas da cidade são assim, elas vivem dos passos que damos nas infinitas direções que podemos seguir.
Uma das questões interessantes que aconteceu durante este período que estive lá, foi ver nos dois lugares onde fomos para jantar e depois tomar uma cerveja, uma propaganda da minissérie que o Marcos participou da produção e que conta a história da Kiss. Nesse momento, em um dos bares que fomos, deu para ver as pessoas pararem para ouvir. Todos em silêncio. Esse trauma ainda está na vida da cidade, na vida dos jovens, dos mais velhos, das famílias que perderam pessoas queridas. A recuperação de uma tragédia deste tamanho é difícil, e as pessoas e a cidade sofrem. Mas caminhando pelas ruas da cidade, a cada pessoa feliz, a cada espaço que vibra a partir da vida que ali está, vemos a esperança. Isso não apaga a dor, mas aponta para os caminhos que podemos percorrer.
Santa Maria é uma cidade única, jovem e potente. E cada um destes jovens que ali está, pode transformar a sua vida, a vida dos outros, e a vida da cidade, em algo melhor. E assim seguimos.
