R.

gustavo s de borba
2 min readJan 12, 2024

Enquanto um grande amigo se recupera de um AVC, fico pensando em como realmente a arte nos move, nos coloca em diferentes espaços e gera diferentes emoções.

Penso na arte dele, em quantas fotos dele eu ja vi e nas possibilidades que essa arte me proporcionou para pensar em cada detalhe que ele nos traz quando mostra o invisível, ou quando nos permite através de nossa ambiguidade e curiosidade buscar ir além da perspectiva que a lente nos expõe. Diferentes ângulos, protesto, incômodo, caminhos, possibilidades. A arte é isso, a expressão do que não se vê, e a ressignificação constante do que se percebe. Pensando nisso me dou conta da importância dele para o mundo, pois com toda nossa “evolução”, com toda a real importância das profissões clássicas, nada dá mais cor, mais vida, mais vontade de seguir do que a arte. E ele é protagonista nesse caminho.

Impossível não pensar em como seria um mundo sem pessoas assim, sem arte, sem a possibilidade da imaginação. Um mundo binário, com decisões estritamente lógicas, com algoritmos criando caminhos lineares e nos jogando entre paredes como rebanho, para tomarmos decisões diferentes, para abrirmos diferentes portas, mas sempre entre as possibilidades que a máquina vislumbra.

Um mundo assim é um não mundo. Já não existe no tamanho de nossa imaginação e se reduz a poeira dos zeros e uns.

Mas enquanto estivermos aqui, o mundo será diferente.

Penso nisso enquanto escuto a música “my body remembers everything” do Seth Glier, que fala, segundo o compositor, sobre “como a natureza pode nos ensinar o caminho para nos curarmos de um trauma” (https://thedailymusicreport.com/music-news-releases/seth-glier-my-body-remembers-featuring-hayley-reardon-01112024/)

Fico pensando em como esse momento de reflexão que vivo agora seria diferente, sem essa música. Ou se eu estivesse ouvindo um novo disco do Seth, composto por um algoritmo, pensando nos discos anteriores dele e projetando o futuro. Como seria? Previsível. Nada mais contrário ao conceito de arte do que isso.

Novamente entramos na perspectiva binária e linear. Aqui dentro, tudo é mecânico. E nada tem valor.

Arte. Insegurança. Incerteza. Exposição. Isso tudo faz parte do potencial desconforto que temos quando podemos. Quando as escolhas não são predeterminadas, quando a vida nos diz “vem”.

Espero que tenhamos um ano cheio de arte, de cor, e que fiques bem logo meu amigo.

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gustavo s de borba

Written by gustavo s de borba

Professor da Unisinos na área de Design. Escrevo aqui sobre o cotidiano, em um diário do período de pandemia, com textos de um ano atrás.

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