Quem somos?
Esta semana tive a oportunidade de passar vários dias conversando e trocando ideais com o Andy Hargreaves, professor reconhecido internacionalmente no campo da educação e liderança. O livro dele mais recente, ele escreveu mais de 30, vai ser lançado no final deste mês nos Estados Unidos e fala sobre Identidade.
Lendo algumas partes do livro que ele dividiu comigo, posso perceber que o debate proposto pelo Andy e pelo Dennis, seu co-autor e grande amigo, leva esse conceito para um espaço de grande complexidade. Um espaço onde nossas características nos definem em diferentes níveis, e fazem com que, efetivamente, cada um de nós tenha sua própria identidade. Parece um pouco óbvio falar isso, mas em um mundo onde quase tudo se resume a zeros e uns, vivemos uma dicotomia preocupando. Nesse lugar, ou tu és isso, ou és aquilo. Mas na realidade, somos muitas coisas. Somos complexos, somos humanos.
Essa compreensão tem sido fundamental para mim quando penso nas minhas aulas e nos meus alunos. Cada uma das pessoas com as quais interagimos nos espaços de ensino e aprendizagem possui diferentes características, que formam sua identidade. E essa identidade é, obviamente, única. Se é assim, parece impossível que um processo de ensino único e padronizado possa apoiar pessoas tão diversas. Talvez esse seja o grande debate que devemos promover, incluindo a ideia de compreender os diferentes mundos que temos dentro do nosso mundo, e de avançar no entendimento do conceito de pluriverso.
Reconhecer as possibilidades, as diferenças, é um caminho fundamental para fugirmos dos limites impostos pelo espaço estático e binário que se apresenta quando olhamos para currículos fechados em parâmetros desenhados para e por alguns.
Lembro aqui to livro Mulheres Invisíveis, de Carolina Criado Perez, que exemplifica um pouco disso através da compreensão de que o mundo é desenhado para os homens médios. O livro The End of Average de Todd Rose, apresenta algumas reflexões sobre os perigos de olharmos para a média especialmente como parâmetro para tomada de decisão.
Essa perspectiva única e convergente era aplicada em um mundo universal, imposto para todos nós.
Mas hoje, hoje é diferente.
Avançamos em muita coisa e precisamos redesenhar, precisamos projetar juntos, olhar para o outro, percorrer a linha que se desdobra entre o 0 e o 1 e para além.
Não existe um mundo binário para além das máquinas, e essa é a maravilha de ser humano.
A diversidade é valor para todos nós.