Qual a melhor escola?
Essa pergunta pode ser respondida de várias formas, mas provavelmente não será respondida por rankings padronizados de avaliação de estudantes. Embora eu já tivesse essa compreensão, ela se fortaleceu a partir da palestra que assisti hoje aqui na Unisinos, com o Professor Joel Westheimer, da Universidade de Ottawa.
“Dado que não conseguimos medir o que realmente importa para nós, começamos a nos importar com coisas que podemos medir”
Foi com essa frase que o Joel fechou seu argumento sobre a importância de termos uma mudança sistêmica nas escolas. Nos últimos anos, avançamos muito na busca por mensuração, e os testes padronizados passaram a ser o padrão para identificarmos se uma escola está ou não avançando na educação dos estudantes. O fato é que estes testes geralmente dão conta de um pequeno espaço no grande espectro de possibilidades que a educação inaugura para cada um. Além disso, o foco em duas ou três competências, como matemática e alfabetização, apontam para dimensões fundamentais na formação dos alunos, mas que acabam tendo um espaço ainda maior, pois são aquelas que são foco de avaliação. Assim, deixamos de lado algumas outras possibilidades, que são fundamentais para nosso desenvolvimento pleno.
A escola que busca apoiar o processo de construção de um cidadão que transforma a sociedade deve compreender que competências como engajamento na busca de melhorias para o coletivo e uma série de outras competências de difícil mensuração, como criatividade, são fundamentais para a formação integral da pessoa.
Sem esse olhar, nossa humanidade fica limitada ao que pode ser mensurado, e geralmente o que pode ser mensurado, pode ser copiado.
Além disso, a busca por uma padronização extrapola a ideia de melhores práticas, pois pressupõe que todos devem ter o mesmo resultado, e muitas vezes devem passar pelo mesmo processo. Isso não é verdade quando avaliamos diferenças culturais entre países, e também não é real quando olhamos para qualquer uma das salas de aula que temos, em qualquer país.
Não podemos formar pessoas iguais, pois quando buscamos isso, construímos um apagamento da individualidade e do que cada um de nós trás para a sala de aula como elemento fomentador para a construção do novo: nossa diversidade.
Educar para a cidadania tem como um dos pressupostos compreender a necessidade de reconhecermos as diferenças. E a partir disso, construir um futuro melhor para cada um.