Qual a melhor aula?
Nesse período de fechamento de semestre eu acabo interagindo com milhares de professores em formações docentes. Cada um deles possui práticas inovadoras e formas distintas de atuar em sala de aula, mas independente disso, sempre vem para a nossa pauta uma questão: como faço para desenvolver a melhor aula?
é evidente que esta questão não possui resposta exata, mas também é fato que podemos, a partir de nossas práticas e trocas, identificar elementos que podem impactar na busca pelo melhor, dentro da realidade que temos. Esse texto busca trazer alguns elementos que devem ser considerados quando estamos projetando nossas aulas e pensando nas diferentes formas de engajar os alunos. São 5 ideias para usarmos no planejamento do semestre que está por vir.
1. A inovação é circunscrita a realidade que vivemos: é importante reforçar que algo que pode ser considerado inovador em uma realidade, não vai ser inovador em outra. Toda inovação é contextualizada de diferentes formas, por exemplo: temporalmente e geograficamente. Por conta disso, não tente desenvolver a aula mais diferente, busque entender melhor o seu contexto e propor algo único. Se isso acontecer, a chance de uma inovação florescer é maior.
2. Engajar envolve adaptar: o processo de engajamento dos alunos, amplamente estudados por autores como Hargreaves e Shirley, envolve compreendermos as diferentes realidades de nossos alunos e adaptarmos o nosso processo pedagógico. Conforme o modelo destes autores, isso passa por identificar o valor intrínseco da atividade, pensar na importância para o aluno, empoderar os estudantes, entre outras possibilidades. Considere estes elementos no seu planejamento de atividades.
3. Sempre que projetamos, excluímos: a atividade de projetar envolve fazer uma proposta para um grupo. Quando pensamos na sala de aula e montamos uma proposta de dinâmica ou mesmo de cronograma, sempre deixamos algo de fora. é muito importante que todo professor tenha a consciência de que o projeto naturalmente exclui, pois a partir dessa compreensão pode desenvolver ações que minimizam este efeito. Uma das formas de reduzir o viés e a exclusão é buscar referências complementares a nossa visão de mundo. Um dos principais recursos que uso para projetar é o baralho proposto por Lesley Ann-Noel, que apresenta conceitos e questões que precisamos considerar no momento do projeto. Uma das cartas fala sobre interseccionalidade, outra sobre valores, uma terceira sobre privilégios. Quando lemos sobre isso e refletimos, melhoramos nossa prática projetar e nossa proposta para os alunos.
4. A sala de aula é pluriversal: quando entramos em uma sala de aula e interagimos com nossos alunos temos ali diferentes realidades e perspectivas. é fundamental compreender isso e buscar nos estudantes a compreensão dos universos que habitam nossa sala. Cada pessoa pode trazer uma perspectiva, uma leitura, uma compreensão diferente, e por conta disso aprende também de maneiras distintas.
5. O bom professor escuta e aprende: na minha compreensão, a principal competência do professor no século XXI é a sua capacidade de ouvir e a partir disso refletir, aprender, e adaptar. A escuta ativa em aula é fundamental para que os alunos compreendam que fazem parte daquele lugar (pertencimento) e que seus problemas e ideias são relevantes para a construção do conhecimento (engajamento). O professor que se abre para aprender algo novo nunca tem uma aula igual. Quando chegamos na sala de aula buscando ensinar, mas também aprender, nossa relação com a turma se transforma.