Por que eu sou professor?
Hoje eu estou com uma camiseta que uso as vezes quando vou para a Unisinos dar aula. A camiseta da Chico Rei tem a frase sarcástica, que diz assim: “me tornei professor pela fama e dinheiro”.
A reações das pessoas são diversas. Quem é professor, olha e logo dá uma risada, percebendo a insensatez da frase. Quem não é, as vezes me olha pensando “será mesmo?”
O fato de eu ter comprado esta camiseta recentemente me fez pensar muito nisso. Por que me tornei professor?
A cada dia que passa, me dou conta de uma compreensão paradoxal dos motivos que me levaram para esta profissão.
A primeira perspectiva, não intencional, é egoísta.
Parte de mim, depois de 25 anos de profissão, se dá conta que busquei a profissão de professor para aprender continuamente. Isso porque, para ensinar, precisamos o tempo todo estudar, ler, nos desafiar. Mas mais do que isso: precisamos escutar e aprender com os alunos. Com eles, geralmente não aprendemos sobre o tema específico da aula, mas aprendemos sobre situações, diferentes olhares, perspectivas e possibilidades que podem nos fazer ir além do conteúdo.
A segunda perspectiva é idealista e está relacionada com a crença que tenho de que podemos mudar o mundo pela educação.
Cada vez que entramos pela porta da sala de aula, invadimos um espaço em transformação, um lugar cheio de potência criativa, que está sempre “a espera”. O que acontece ali, depende de cada um de nós, e de todos. E a construção do coletivo, do todo, depende do professor.
Até hoje, vivi isso em diferentes contextos (acadêmicos e empresariais) e em diferentes níveis acadêmicos (extensão, graduação e pós-graduação). Mas algumas experiências foram únicas. Destaco aqui as turmas do curso de design, do Gestão para Inovação e Liderança (GIL) e do DNA Unisinos, e minha experiência em 2022 na Purdue University. Nessa última, pude trabalhar com alunos de diferentes áreas, e que abraçaram o desafio de aprender um método de design para atacar problemas complexos.
Hoje, quando começo a pensar nas atividades que vou dar aula ano que vem, me vejo celebrando os alunos que encontrei e que, cada um a seu jeito, transformaram minha forma de ensinar e minha vida.
Eu acho que sou professor por isso.
Pela possibilidade da transformação mútua e constante, e pela compreensão de que a educação nos leva para diferentes lugares, sempre melhores.