POA, especialmente para os que não estavam em casa

gustavo s de borba
2 min readMay 11, 2024

é muito difícil estar longe.

Não sinto vontade de escrever, especialmente por não estar vivendo diretamente a realidade que ataca boa parte das pessoas que amo.

Mas daqui, enquanto espero meu vôo para voltar, além de buscar recursos, de tentar contribuir a distância, só posso ajudar através do que sei fazer.

Por isso, busco forças para conectar pessoas, pensar projetos, buscar fundos e também, depois de uma semana pensando, para escrever.

Hoje eu ouvi em um podcast, que o barulho dos helicópteros em Porto Alegre pode ser visto como o som da esperança. Um barulho que aponta para a procura pelo outro, para a potência do reencontro. Isso fez sentido para mim, pois eu não consigo escrever quando não sinto. Mas nesse período, eu sinto por mim, mas também através dos outros.

Sinto através das pessoas com as quais falei ao telefone, dos amigos que enviaram mensagem, dos familiares que compartilharam o que sentem e o que temem nesse momento tão difícil para todo o estado.

Sinto através das pessoas de fora do estado e do país, que escrevem perguntando como estamos e como podem ajudar.

Sinto através dos telejornais que assisto todos os dias.

Mas sinto, acima de tudo, a distância. Distância que revela os limites da compreensão humana sobre o que nos afeta física e mentalmente, quando não estamos presentes.

São muitas histórias, muitas perdas, algumas vitórias, mas acima de tudo, a expressão da bondade.

A expressão de nossa humanidade.

Vejo colegas, com os quais trabalho já faz muito tempo, revelando o seu melhor, sem parar, todo o tempo.

Amigos que mostram, na prática, que só podemos viver bem quando ajudamos o outro.

Meu desejo, assim que chegar, é de ajudar. Mas também sinto a necessidade de planejar. De pensar no futuro, de pensar para a frente. De pensar como mitigar os impactos de tudo isso, olhando para os meses que temos pela frente.

Somos um grupo.

Um grupo que se desfaz na impossibilidade da alegria do outro. Um grupo que ama. Um grupo que sofre. Um grupo que busca na coletividade um caminho para um lugar melhor.

Independente de onde você está, tendo ou não conexões reais com o Rio Grande do Sul, é hora de parar, de pensar, e de ajudar com o que puder.

A distância se reduz quando ajudamos, e uma ponte entre os que precisam e o lugar que estamos, se forma.

Esta é a hora. O estado do RS precisa de toda a ajuda possível.

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Written by gustavo s de borba

Professor da Unisinos na área de Design. Escrevo aqui sobre o cotidiano, em um diário do período de pandemia, com textos de um ano atrás.

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