Paul
Eu já nem sei em quantos shows eu e a Aninha fomos juntos, mas esse momento é sempre mais do que especial.
Ir a um bar, um teatro ou um estádio, para ouvir a obra que um artista entrega para nós, para que, com nossa ambiguidade, com nossa história de vida e percepção individual, possamos ressignificar o que ele propõe, é a melhor experiência que eu posso ter.
Cada show se revela, como tudo na vida, no antes, no momento, e no depois.
No show do Paul, tivemos o prazer de compartilhar aquele espaço com um grupo de amigos maravilhosos. Por isso, o antes foi muito mais do que um momento de preparação. Vivemos algumas semanas trocando mensagens, músicas, sentimentos. No dia do show, nos reunimos e passamos a tarde conversando e compartilhando histórias que nos conectam cada vez mais. Na saída da casa do Marcos e da Ana para o show, já começamos a sentir o clima de um evento que transforma a cidade.
A música é assim, transforma a gente, transforma os espaços, e promove a felicidade. Na curta caminhada até o estádio encontramos alguns amigos, conversamos, e fomos aquecendo para o momento que esperávamos ansiosamente.
Entramos no estádio e tivemos duas horas e cinquenta minutos de êxtase. Choramos, rimos, nos abraçamos. Cantamos, dançamos, conversamos. Foi um momento de celebração e conexão, que permite que o amor de cada um de nós navegue pelas ondas do som que se propagam no estádio criando um sentimento coletivo único. Ali, não tem dicotomia, não existem divergências, todos estão sentindo algo positivo e transformador, coletivamente.
Quando pensamos em artistas, sei que cada um tem sua canção preferida. Para mim, no caso do Paul, a música mais esperada do show sempre é Here Today, que ele dedica ao John Lennon e que me faz pensar muito na relação entre os dois. é uma canção de amor, especialmente para dizer postumamente algo que sempre devemos dizer para aqueles que importam para nós: eu te amo. Quando ele tocou essa música, foi mágico. Era o momento que eu esperava, mas para nossa alegria, o show estava ainda na metade.
Depois disso, muitas canções nos tiraram do chão, nos fizeram cantar e lembrar momentos. Nos fizeram chorar de saudades das gurias e agradecer por tudo que fizemos e ainda vamos fazer juntos.
O show terminou, mas a nossa alegria continuava em alto nível. Saímos do estádio e fomos comer pastel e tomar água de coco. Seguimos a conversa, parecia que não queríamos que aquela noite terminasse.
Mesmo agora, enquanto escrevo, quase dois dias depois do show, lembro de momentos que aconteceram e que me fazem rir sozinho aqui. A ola, a garupa, a dança, o beijo, o choro, sobretudo a felicidade de ser transformado por uma experiência que revela toda nossa humanidade.
Depois de cada um dos shows que vou, fico mais aliviado. A nossa relevância como pessoas humanas aparece intensamente na arte, nas conexões que se criam entre estranhos em momentos como esse, na possibilidade de reconhecer alguém que gosta do que eu gosto, nos encontros com amigos improváveis, na vida que flui em cada segundo quando estamos em conexão coletiva.
Esse show foi uma prova disso e vai ficar na nossa memória para sempre.