Os alunos são fontes de inspiração
Sempre tem alguém que vem antes. Fico pensando nisso enquanto leio a biografia de uma de minhas bandas favoritas, R.E.M.
Na leitura da primeira parte do livro, ficam evidentes duas influências fundamentais: a presença de uma cena forte na cidade, puxada especialmente pela banda B-52s, e o disco Horses de Patti Smith.
é dificil dizer que sem Patti Smith não existiria R.E.M., mas é bastante plausível dizer que sem Patti Smith a banda R.E.M., caso existisse, seria diferente.
A arte é provavelmente o campo mais propenso para reconhecermos o valor do outro, de quem vem antes de nós, pois a admiração é natural e o resultado, é a inspiração.
Mas na prática, isso acontece em todas as profissões: geralmente temos uma mentora, uma professora, alguém que nos inspirou e que acabamos tendo como referência.
Esse é um processo natural.
O que não é tão comum é o caminho inverso: nos inspirarmos por quem vem depois. Reconhecermos nas novas bandas, por exemplo, novas possibilidades. Sempre tentamos ver com quem se parecem, onde buscam a sua essência.
Fico pensando nisso e projetando esta compreensão para o campo da educação. Nesse caso, é difícil olharmos para nossos alunos como fonte de aprendizado para nós. Como fonte de inspiração.
Entretanto, esse caminho pode nos ajudar a participar do novo e transformar.
A capacidade crítica que desenvolvemos, a compreensão que vem a partir da experimentação e da experiência pode ser ainda mais importante a medida que nos abrimos para o novo e buscamos uma conexão real e genuína.
A frase clássica do Belchior, o novo sempre vem, funciona aqui também.
Independente de nosso reconhecimento, de nosso olhar, o novo aparece. E com o novo, vem transformação, inovação, possibilidades que até então não eram reais.
Acredito que todo professor tem muito para contribuir neste caminho. Mas para isso deve se deixar admirar, impactar, inspirar pelos seus alunos.