O poder das conexões
Eu já havia lido alguns textos sobre o tema, e também escutado de amigos com a Pauline Hargreaves e alguns alunos do mestrado, a história das conexões entre árvores, montando redes de alta complexidade, de trocas intensas em vida e também no momento da morte, quando por exemplo, uma árvore distribui sua energia restante para as que precisam.
Livros como A vida secreta das árvores, de Peter Wohlleben e Revolução das plantas: um novo modelo para o futuro de Stefano Mancuso exploram essa temática e nos dão uma aula sobre a perspectiva ecossistêmica.
Embora esse tema seja recorrente, foi vendo o C’mon C’mon e a simplicidade com que uma criança explica tais relações que lembrei dessas histórias e as mesmas fizeram mais sentido para mim. O filme, que o Marcos Piangers já havia me dito faz algum tempo que eu devia assistir, foi muito inspirador. Assistimos e fomos para nova Petrópolis, no meio do mato, do barulho da natureza, do voo dos tucanos, do grito dos bugios, do balançar e dançar constante das árvores.
Nesse contexto, a emoção se expande, como uma rede complexa, assim como a história contada por Jesse no filme.
Se misturam às saudades da Giulia e da Clara, que estão morando longe e viajando longe, respectivamente; a vinda de minha mãe aqui (faz provavelmente uns 30 anos que não passamos uma noite só nós dois sob o mesmo teto ), a alegria de compartilhar mais momentos com a Aninha, a amor da minha vida, em um momento que sabemos que estamos em contagem regressiva para ficarmos um tempo fisicamente distantes, por compromissos profissionais.
Tudo isso se junta, se conecta, se transforma, dando origem a um processo de trocas de emoção entre todos esses sentimentos. E o que fica é a certeza do amor. Da vida em família, da necessidade de estar junto.
Depois que assisti o filme, o Marcos me mandou uma música que fez para o nascimento do filho de um amigo. Ele canta em uma dupla perfeita com a Lola, e através de uma letra maravilhosamente cotidiana, totalmente conectada com os momentos e sentimentos que temos com nossos filhos, nos teletransporta através de cada frase para um lugar diferente. Sempre para um lugar alegre e deliciosamente conectado a saudades de algo que vivemos, e/ou sentimos.
No meio da música ele conta a história do bebê estrela, que aparece narrada no filme pelo ator Joaquin Phoenix.
A vida é isso, a complexidade das teias, das relações, das conexões, e a necessidade de sabermos onde colocar energia, com quem compartilhar as possibilidades, quem ajudar nos momentos necessários, e como amar, acima de tudo.