Maglore no Agulha

gustavo s de borba
2 min readDec 1, 2023

Todo mundo sabe que eu gosto de música. Não faço nada sem estar ouvindo uma boa melodia. Deve ser por isso que o Spotify contabilizou 32 dias “non stop “ de música no meu player. Contando horas úteis, deve ser uns 3 meses contínuos de música. Nos outros 9 meses devo ter escutado música em vinil, na minha casa, sem contabilizar no streaming. :)

Desde pequeno, quando a mãe dava aulas de piano e comecei a estudar, lembro de tocar e ouvir música o tempo todo. Nos anos 80, tive a oportunidade de crescer ouvindo as grandes bandas de rock do Brasil: Titãs, Ira!, Paralamas, Legião, Plebe Rude, entre tantas outras. E aqui no Sul: Graforréia, Cascaveletes, Garotos da Rua, Os Eles.

Mas depois desse movimento do rock brasileiro e gaúcho, as ondas sonoras da música nacional navegaram para outros mares, outros estilos, que não são exatamente aqueles que animam meus dias.

Como acredito que tudo se renova e precisamos buscar novas referências, sempre fiquei atento a cena musical nacional, tentando encontrar bandas de qualidade, que me dissessem algo e fizessem sentido para os diferentes momentos que vivemos. Por isso, nunca deixei de descobrir e ouvir novas canções.

Nessa busca contínua por melodias e poesias que me transformem, encontrei uns 10 anos atrás, duas grande bandas, O Terno e Maglore. As duas bandas tem uma qualidade sonora indiscutível, e composições e letras que dialogam com os momentos e possibilidades que a vida nos apresenta.

Mas a Maglore é diferente, a Maglore hoje é minha banda preferida.

O que mais me impressiona na banda é a qualidade das letras, em sua maioria compostas pelo Tiago Oliveira. O Tiago já teve músicas gravadas por artistas como Erasmo Carlos, Gal Costa e Pitty, e a cada álbum me surpreende com uma crescente qualidade na composição e letras que ficam em minha cabeça.

Fiz esse contexto todo para dizer que ontem pude sentir toda a qualidade deste trabalho e a energia de uma banda singular no show que eles fizeram no Agulha.

A banda flutuou no palco trazendo canções dos diferentes álbuns e fazendo com que o público cantasse de ponta a ponta as letras que marcam diferentes gerações. O momento mais intenso foi quando a banda tocou Espiríto Selvagem e o Teago pediu para o público cantar sozinho: o agulha cantava em uma só voz: “ eu sou assim há séculos atrás, e nos olhos do meu filho eu vejo o rosto do meu pai, não tenho guerra com ninguém, nem vendo solução, sou um espírito selvagem, sem buscar aprovação”.

Foi um show memorável, que tirou do chão o público que lotou o agulha. Hoje tem mais. Vou voltar sabendo que todo show é diferente, é que naquilo que é igual, nos permite revisitar momentos que gostaríamos que permanecessem por mais tempo. A arte tem dessas coisas: nos leva para lugares de onde não queremos sair, ou lugares que sempre queremos voltar.

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Written by gustavo s de borba

Professor da Unisinos na área de Design. Escrevo aqui sobre o cotidiano, em um diário do período de pandemia, com textos de um ano atrás.

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