Horizontalização da educação
Em nossa sociedade, vivemos o tempo todo falácias que nos impõe um modelo único, universal e na maioria das vezes linear. Essa lógica está embasada num processo de verticalização, que pode ser compreendido como a base do modelo vigente. Esse fenômeno se revela de diferentes formas. Podemos ver, por exemplo, a relação professores e alunos como vertical: um entrega, outro recebe, ou ainda, um manda, outro obedece.
Quando olhamos para a nossa evolução na educação, temos o mesmo modelo vertical: educação infantil, fundamental, médio, superior, mestrado, doutorado, pós-doutorado. Um processo de aprofundamento, que é muito importante, mas que também cria um distanciamento da realidade da maioria das pessoas de nossa nação.
Se mudarmos o paradigma e pensarmos na horizontalização, vamos revelar possibilidades que, em muitos momentos, ficam a margem, a espera.
Espaços de construção do cidadão que estão à nossa disposição, mas dependem de nossa ação.
Se pensarmos no primeiro exemplo, vemos as grandes vantagens que existem quando uma aluna pergunta para outra aluna. Quando elas conversam, discutem o tema, trocam ideias horizontalmente. A ideia de aprendizado peer-to-peer não é nova e certamente acontece nas salas de aula de todos nós. Mas essa horizontalização é limitada: nos movemos para os lados, mas encontramos pessoas muito parecidas com nós mesmos: mesma raça, classe social, mesmos interesses.
O processo de horizontalização precisa ser conectado com um processo de derrubada dos muros, ou, como muitos dizem, “de furar as bolhas” onde vivemos.
Mas como posso, como professor, promover esse processo quando tenho alunos que em boa medida são muito parecidos?
A ação do professor é fundamental.
Quando abrimos espaço para o diálogo, quando potencializamos a conversa entre alunos, quando colocamos na pauta autores e autoras com diferentes olhares, estamos em alguma medida, projetando um processo de horizontalização em nossas aulas.
O aluno que encontra na sala de aula autores que desacomodam, que abrem seu olhar, aprende mais e pode ser protagonista da construção coletiva do conhecimento.
Precisamos promover mudanças na busca por diferentes visões, para que o olhar único e linear de uma educação vertical, se transforme em um olhar horizontal e pluriversal.