Festival Turá

gustavo s de borba
3 min readNov 20, 2023

Eu já escrevi bastante sobre música, e mesmo quando não é este o tema do texto, eu estou escutando alguma das músicas que me inspiram a compartilhar o que até então era pensamento.

A música, na realidade, é um mar de possibilidades, de potenciais reflexões e de caminhos possíveis para expressar o que pensamos.

Nesse momento, escuto “desde que o samba é samba”, com Gil e Caetano. Escolhi essa música, pois neste final de semana tive uma oportunidade única de conviver com pessoas que amo, com uma trilha sonora que também conta um pouco da minha história. E lá estava Caetano.

Após uma semana intensa e de grande aprendizado na Purdue, retornei para Porto Alegre no sábado, às 3 da tarde. Era o dia do aniversário da Aninha e o presente era levar ela para assistir pela primeira vez o artista brasileiro preferido dela: o Emicida.

Fomos eu, a Aninha, a Laura, e tivemos a oportunidade de partilhar momentos de diversão, de dançar, e também de rir de momentos que se desenrolam quando estamos em um espaço coletivo e compartilhado, com uma infinidade de pessoas diversas e também de artistas diferentes. Foi engraçado, por exemplo, pular e dançar ao som da Fresno, banda que nunca habitou nenhum dos aparelhos sonoros de nossas casas. Mas entramos no clima, e cantávamos: “E desde quando você se foi, me pego pensando em nós dois”. No meio do show, chegou a Pitty. Ela teve o poder de nos colocar na sala das nossas casas, com boa música e boas lembranças. Uma das cantoras preferidas da Giulia quando criança.

Antes de irmos eu havia trocado mensagens com o Piangers, irmão dessa vida, que estava dando palestra em Taquara. O plano era estarmos os 4 juntos para o show do Emicida, o último da noite. No horário certo, o show começou.

O show Amarelo, que faz parte das relações afetivas que temos e que já foi visto lá em casa pelas nossas filhas, foi mais um elemento de conexão entre nós: o artista que nos une pelas reflexões que faz sobre um país que conhecemos parcialmente. Um país que vai para além dos privilégios que temos em nossas vidas.

Cantamos abraçados, com amor transbordando e alegria quase infinita: “quem tem um amigo tem tudo”.

O Piangers chegou e a intensidade de cada canção que ouvimos juntos se expandia para nossas vidas e ampliava o tempo, nos levando para os momentos que já passamos juntos, para os momentos em que estivemos em shows do Emicida com nossas filhas, para os momentos de ontem, de hoje e de amanhã que nos tornam sempre felizes.

Ao final, pulamos abraçados cantando: “Emoriô deve ser, Uma palavra nagô, Uma palavra de amor.”

No domingo, éramos apenas os 3: Laura, eu e Aninha. Chegamos mais para o final da tarde com um único objetivo: ver o show do Caetano. Antes disso tínhamos parte do show da Duda Beat e o show do Baco Exu do Blues. Foram momentos divertidos, especialmente com as letras do Baco. O ponto alto do show foi a qualidade impressionante das vocalistas da banda. Dançamos ao som de 20 ligações: “20 ligações no celular, já não sei se quero te atender”.

Quando o Caetano entrou, apenas com o violão, e começou a tocar os primeiros acordes de “Meu Coco”, já dava para ver que seria um show épico. A única coisa que atrapalhava era o frio, que chegou sem avisar. Nos abraçamos os 3 e seguimos a noite cantando. Adaptando a canção que escuto nesse momento: “cantando mandamos o frio embora”, e tivemos uma noite para ficar para a nossa história.

Um festival que celebra a diversidade, a cultura, a música, nos ajudou a celebrar a vida, e o aniversário de 51 anos da Aninha, com as pessoas que ela ama por perto. Como canta Caetano: “Quando a gente gosta, é claro que a gente cuida”. Foi um final de semana de cuidado, de carinho, de celebração.

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Written by gustavo s de borba

Professor da Unisinos na área de Design. Escrevo aqui sobre o cotidiano, em um diário do período de pandemia, com textos de um ano atrás.

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