Emicida
Acho que já disse isso antes, mas a coisa que mais gosto de fazer é ir a shows.
O show é uma celebração.
Um espaço para estar com pessoas que amamos, para extravasar nossas emoções e para receber e devolver um dos grandes presentes que podemos ter na vida: a cultura que se expressa nas canções e se reinventa na forma como cada um de nós reage e devolve para o palco essa energia.
Um show é um momento de espiritualidade, de reconexão com nós mesmos e com os outros.
De repensar sobre o que nos faz ser e estar naquele momento.
Tudo isso é verdadeiro e vejo em alguma medida quando vou a diferentes shows aqui em Porto Alegre ou em outros lugares. Mas a intensidade como tudo se revela depende de muitas variáveis, e quando todas elas convergem para um espaço distinto e coletivo temos um momento único, um show épico, a possibilidade de transcender e se desenvolver em conexão com o outro, em conexão com a arte.
Foi assim ontem, no show do Emicida.
Um evento como esse é mais do que o momento em que ele se desenrola. No caso do show, começou quando trocamos mensagens para comprar os ingressos e se desdobrou até o momento algumas horas antes do evento, quando nos reunimos para celebrarmos nossa amizade. Fabio, Guto, Marcos, Lola, Ana, Bernardo, Aninha, Laura e eu. Escolhemos um lugar um pouco mais reservado, longe da rua, para evitar as buzinas e gritos constantes que aconteciam devido a outra celebração: a comemoração do título de campeão gaúcho do grêmio. Sobre isso, prefiro não falar.
Escolhemos um espaço na Vasco, e lá conversamos e trocamos ideias, na melhor forma proposta pelo próprio Emicida (quem troca uma ideia sai com duas), e pudemos rir de historias que nos fazem reconhecer aquele grupo como um lugar de pertencimento, de alegria e de bem-estar.
Falamos sobre momentos passados que tivemos, mesmo que envolvendo apenas alguns de nós, e que agora nos ajudavam a criar novas narrativas futuras sobre encontros como esse.
O tempo passou, avançou rapidamente no relógio e às 20:15 fomos para o Pepsi on Stage.
Entramos no espaço e tivemos a oportunidade de ver o show de abertura. Música de grande qualidade, público interagindo, qualidade do som muito boa. Parecia impossível pensar que teríamos um show assim, um curto espaço de tempo para organização do palco e logo, logo, às 21:10, já teríamos o show do Emicida iniciando.
Quando o vídeo de abertura começou, contando a história de conexão do Emicida com a cidade, deu para ver que seria um momento especial.
Fiquei pensando em tudo que acredito sobre o impacto da música, da arte, dos shows, e vendo pela última vez a turnê AmarElo, com os vitrais no fundo do palco e a intensidade daquele momento, vi que estávamos em uma celebração expressando também a nossa espiritualidade e conexão com quem está sempre com a gente e com aqueles que são diferentes de nós.
Um lugar para romper bolhas e criar fluidez, criar ressignificação de mundos, olhar para pluriversos que se desenham a partir da experiência individual de cada um, mas que acontece quando todos estão juntos. Novos olhares e possibilidades para futuros coletivos.
A cada música que passava cantávamos mais alto, dançávamos mais intensamente e celebrávamos a nossa vida. Quando a música “quem tem um amigo tem tudo” começou e o Emicida pediu para as pessoas abraçarem quem estava perto delas, foi um momento mágico: hora de expressar fisicamente nosso carinho por aqueles que estavam ali com a gente.
O show foi todo assim.
No nosso grupo era possível perceber com bastante evidência a empolgação e conexão da Aninha e da Laura com essa linda celebração. A empolgação da Lola cantando e dançando todas as músicas. Eu, o Guto, o Marcos, o Bernardo e o Fábio observando, arriscando alguns passos de samba e expressando nossa emoção, cada um a seu jeito.
Foram quase 3 horas de show, fechando com o hino “passarinhos”, que já cantávamos quase nos arrastando, pois boa parte desse grupo já não tem a energia juvenil necessária para gritar e pular por mais de 30 minutos, imagina por 3 horas.
Acabamos a noite no hotel, refletindo um pouco sobre o show e planejando os próximos. Esses são momentos únicos, momentos em que ressignificamos a amizade, criamos novas possibilidades de reconhecer quem amamos e de querer mais. Quando gostamos, queremos mais e temos esse sentimento gostoso da espera.
Até a próxima.