Competência projetual

gustavo s de borba
2 min readNov 27, 2023

No final da semana passada, recebi uma mensagem do Mini, com um episódio que discutia algo que falamos bastante nos últimos 10 anos: os limites do método de Design Thinking (DT), que foi disseminado pela Ideo e pela D.school de Stanford e foi abraçado pela maioria das empresas.

Sempre compreendemos o DT como um método com foco no uso de ferramentas e com uma grande inovação: o reconhecimento da importância de prototipar muito, de errar, de aprender e prototipar novamente. Para além disso, colocávamos em pauta a compreensão de que existia uma busca por utilidade neste processo, que limitava as possibilidades metodologias e reduzia a aplicação a uma forma de envelopar um processo de inovação já corrente nas empresas, endossando soluções que em vários momentos eram independentes deste processo de inovação.

Essa leitura partia de nossa percepção da importância do pensamento projetual e das restrições impostas por métodos mais lineares e limitados em escopo.

Em nosso grupo de pesquisa desenvolvemos um outro tipo de processo, a partir do Design Estratégico, que busca ampliar as possibilidades de definição do problema e buscar um processo de operacionalização das soluções que é mais aberto e sistémico. Entretanto seja utilizando métodos ágeis, Design Estratégico ou Design Thinking, o que potencializa o poder transformador de métodos de compreensão de realidades (para não dizer solução de problemas) é o reconhecimento das premissas destes processos e a busca constante por ampliação do nosso olhar.

A maioria dos métodos de inovação possuem fases bem definidas: descoberta, ideação, prototipagem, implementação, ou: imersão, ideação, prototipação, ou várias outras formas que navegam na compreensão de processos que preconizam momentos de divergência e convergência.

Um bom processo para desenvolvimento de competências projetuais, ou para trabalhar com questões complexas e reais, pressupõe etapas de ampliação do olhar, de identificação dos pluriversos, de busca da redução de nosso viés projetual, de prototipagem inclusiva e aprendizagem contínua.

A competência projetual é fundamental hoje em todos os campos de atuação, mas precisamos ir além dos processos lineares e com etapas bem definidas: a realidade é complexa e atacar problemas complexos com abordagens lineares reforça o tipo de solução que temos hoje e que atende apenas aos interesses de grupos muito específicos.

Projetamos o tempo todo: montando uma aula, organizando uma sala, pensando um currículo, desenvolvendo uma prática significativa. Precisamos ampliar nossa capacidade projetual a partir da busca de novas referências, a partir de um olhar que inclui, que gera bem-estar e engajamento.

Projetar é transformar.

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Written by gustavo s de borba

Professor da Unisinos na área de Design. Escrevo aqui sobre o cotidiano, em um diário do período de pandemia, com textos de um ano atrás.

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