Como construímos relações?
Fiquei pensando nisso depois de termos feito uma janta lá em casa colocando no mesmo espaço três grupos de pessoas diferentes e incríveis, mas com alguns amigos em comum. Nove pessoas, diferentes idades, diferentes contextos, profissões, times de futebol, interesses.
Em momentos como esse é incrível como descobrimos o novo a partir da escuta.
Quando damos espaço para ouvir uma história, ressignificamos ela no nosso contexto, lembramos de experiências anteriores e também compartilhamos momentos passados e presentes. A potência da escuta se revela especialmente em contextos desafiadores e com diversidade de visões, com distintas possibilidades.
No mesmo dia da janta eu tive o prazer de entrevistar um músico excepcional que foi indicado ao Grammy, o Seth Glier. Ele falava sobre a importância da linguagem não verbal para compreender o contexto de seu irmão autista durante sua adolescência.
Na realidade, é sempre sobre ouvir. Ouvir para aprender, para trocar, para iniciar uma conexão.
Se levarmos essa perspectiva para a sala de aula, temos que retomar aquela velha provocação que tenho feito: quanto menos certezas o professor tem, melhor. Quanto mais aberto para escutar e a partir disso ressignificar o seu fazer, ainda melhor.
A sala de aula é um espaço rico em diferentes visões, contextos, realidades, e esta complexidade é fundamental para gerar aprendizagem. Ser complexo não é ser complicado. Quando todos são iguais, temos repetição. Quando as pessoas são diferentes, temos a possibilidade de uma construção coletiva.
Foi uma noite excepcional, que só terminou no outro dia, quando a meia noite celebramos o aniversário do Guto. Como disse uma baita amiga que estava lá: formou uma turma boa. Esse é o desafio constante que temos na vida, gerar conexões e reconhecer nessas conexões as possibilidades de novos caminhos que se apresentam para todos nós. Formou sim uma turma boa, que assim siga. Até a próxima.
