Co-design

gustavo s de borba
2 min readApr 1, 2024

São muitas as teorias e práticas que apontam para resultados melhores quando pensamos coletivamente. Conceitos como o de inteligências múltiplas de Howard Gardner (1985), ou a ideia de inteligência coletiva de Pierre Lévy (2011), remetem para a compreensão de que, quando construímos ouvindo, compartilhando, colaborando, temos mais possibilidades de construir algo significativo, algo novo, algo transformador.

Para projetar, vale o mesmo.

é dentro deste contexto que a ideia de co-design tem se desenvolvido fortemente, especialmente em campos onde tanto o poder de transformar quanto o conhecimento empírico estão situado nas pessoas que fazem parte daquele espaço, daquele lugar.

No âmbito do design social, com foco em comunidades, desenvolver práticas ou propostas para estas comunidades sem uma construção coletiva é ineficaz.

Conceitos de design que fazem sentido em espaços mais empresariais, como a ideia de construir propostas para usuários, apresentada por Verganti (2009), não tem impacto positivo quando a proposta precisa nascer a partir do contexto social em transformação.

Fiquei pensando nisso por estar trabalhando em algumas comunidades de Porto Alegre e por ter lido neste final de semana, enquanto preparava minhas aulas para o mestrado, o livro da Lesley Ann Noel, Design Social Change (2023). Nesse livro, dentre inúmeras outras questões fundamentais para quem pensa em construir projetos com foco em transformação social, estão descritas algumas características do Co-Design, as quais listo a seguir: compartilhar o poder, priorizar e construir relações e desenvolver capacidades de design.

Além destas dimensões propostas por Lesley Ann Noel, destaco ainda os resultados decorrentes deste processo: a ampliação do nosso olhar e a consequente maior assertividade da proposta projetar.

A transformação social em busca de uma horizontalidade em termos de construção e prática está presente em muitos campos práticos e teóricos. A ideia vertical, de aplicação do conhecimento de fora para dentro e de entrega de um resultado, tem mostrado seus limites. A ideia de co-design, de co-projetar, de escuta ativa e também de construção coletiva, está no centro deste debate e deve se disseminar cada vez mais, potencializando resultados que antes eram impossíveis. Quando propomos algo sobre um espaço que não conhecemos, que não vivemos, é muito difícil obter um resultado adequado. Cabe a nós, designers, facilitar uma conversa e utilizar as ferramentas que temos para descrever caminhos construídos no coletivo. Estes caminhos provavelmente levam para espaços de maior impacto para todos.

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Written by gustavo s de borba

Professor da Unisinos na área de Design. Escrevo aqui sobre o cotidiano, em um diário do período de pandemia, com textos de um ano atrás.

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