Blitz, documentos.

gustavo s de borba
2 min readSep 6, 2023

Em 1984 eu tinha 11 anos e vivia na minha cidade natal. Santa Maria tinha dois canais de tv aberta, duas rádios FM, e algumas poucas lojas de disco. Lojas de departamento, com o a Imcosul, vendiam Lps.

Foi nessa época que conheci a banda Blitz.

Eu via nas lojas aquele disco com uma capa colorida, com um grupo de pessoas que parecia um grupo de super heróis. O disco vinha com um aviso estranho: as últimas músicas vinham riscadas, um protesto que a banda fazia contra a censura. No canto da capa, a frase que me fazia querer o disco a qualquer custo: impróprio para menores de 18 anos.

Meu tio comprou o disco e pude escutar até quase furar o vinil. Tentei algumas vezes escutar as faixas inutilizadas, arriscando a agulha do nosso toca-discos, mas tentando entender porque haviam sido censuradas.

Depois das aventuras da blitz, comprei os dois outros discos: “radioatividade” e “3”.

Até que em 1986 veio a surpresa do fim da banda. Eu estava em Curitiba, em uma viagem com um grupo de alunos do projeto de música da UFSM acompanhados por minha mãe e escutei a noticia de que a banda tinha terminado.

Foi um choque, pois era uma das bandas que eu mais gostava. E aí, apareceram aquelas dúvidas, que sempre pairam no ar quando uma banda acaba:

Será que os integrantes vão seguir carreira solo?

Será que apenas o vocalista vai continuar?

Será que terão sucesso como tinham na banda?

Talvez a Blitz seja o único caso na história das minhas bandas preferidas em que algo muito melhor surgiu a partir do final. Na realidade, o final da banda revelou para mim um caminho de grande valor e transformação na música brasileira: a carreira solo da Fernanda Abreu.

Foram alguns anos até eu ter contato com o fantástico “SLA Radical Dance Disco Club”. Eu já estava na faculdade, em 1991, quando ouvi pela primeira vez Speed Racer. A partir dai, conheci o restante do disco e as conexões com outros artistas que estão entre meus favoritos, como o Herbert Vianna.

De lá para cá, sempre ouvimos a Fernanda Abreu: nas festas da faculdade, na formatura da minha esposa, em diferentes momentos de convívio com nossas filhas.

Se eu tivesse que pensar em uma trilha sonora que esteve presente em momentos felizes e de diversão, certamente algumas das músicas da Fernanda Abreu estariam lá.

Com todo esse impacto, parece mentira que nessa semana vamos ver pela primeira vez um show dela.

Na realidade vamos na homenagem à maravilhosa Rita Lee, por Beto Lee e este show conta com a participação da Fernanda Abreu.

Vai ser lindo, um momento de celebrar a música brasileira e a obra desta que foi uma das maiores cantoras do Brasil, a Rita Lee. E tudo isso através da voz e da grande performance da Fernanda Abreu.

Vai ser um baita show.

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Written by gustavo s de borba

Professor da Unisinos na área de Design. Escrevo aqui sobre o cotidiano, em um diário do período de pandemia, com textos de um ano atrás.

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