Acabou o semestre — e agora?
O final de semestre revela um pouco de alivio e um prenúncio de saudades.
Alívio por concluir aquilo que tem contornos de uma maratona contida em um semestre: começamos bem, com energia, com um olhar novo e aberto para o que vemos, mas a medida que as semanas avançam, a necessidade de surpreender os alunos aflora com mais intensidade. Por isso precisamos pensar, repensar e pensar de novo, constantemente. Mais perto do final, depois de um pouco de cansaço, avançamos forte, vendo a reta final logo ali, em dezembro.
Saudades porque quando o semestre acaba, deixamos de conviver com um grupo de pessoas que fez parte de nossa vida. Para os professores, meu caso, cada um dos alunos com os quais tive o prazer de compartilhar o tempo. Para os alunos, os seus colegas e professores.
Esse sentimento de conexão que em certa medida se desfaz, deixa saudade, mas faz parte do bom processo de ensino e aprendizagem. Quando pertencemos e por algum motivo ficamos distantes, sentimos falta. Isso é um bom sinal.
Pensei em escrever sobre isso porque no dia de hoje acabei encontrando alunos que participaram de minha disciplina em diferentes momentos, pois estávamos nas bancas de trabalho de conclusão do curso de Design.
A compreensão deles dos processos que viveram nesse período, mesmo tendo estudado comigo 2, 3 anos atrás, mostra que a distância entre as pessoas encurta quando crescemos e desenvolvemos conhecimento juntos. Mesmo sem vê-los todo dia, todo semestre, o encontro é um momento de celebração, de conversa, de reflexão. Acho que é por isso que amo fazer o que faço: pela oportunidade de aprender e de redescobrir as pessoas ao longo do tempo.
Agora é tempo de descansar e planejar. No meu caso, de ler muito para pensar sobre o que fazer no semestre que vem. Eu confesso que planejo pouco, o mínimo necessário. Atuo assim por acreditar que não podemos planejar um semestre sem conhecer os alunos e sem co-criar com eles. Por isso, meu planejamento inicia de fato, na primeira semana de aula, momento em que conheço um grupo novo que vai fazer parte de minha vida a partir daquele semestre, provavelmente por muito tempo.
Escrevo esse breve texto enquanto escuto “Vamos pra rua”, canção do Teago da Maglore. Tem músicas que tem umas frases que ficam com a gente. Nessa, tem uma na qual penso muitas vezes, diz assim: “Traga o mundo mais perto, de onde você quer chegar”.
Acho que essa frase reflete um pouco o nosso protagonismo na transformação dos espaços nos quais interagimos. No meu caso, como professor, vejo esse movimento nas ações que posso propor a cada encontro, em cada momento que podemos conjuntamente transformar uns aos outros. Vou levar essa frase comigo para o próximo semestre, para pensar como posso melhorar o processo de conexão, de ensino e também o senso de pertencimento que precisamos ter no dia a dia. Quem sabe pensar em todas as oportunidades que temos de aprender, fora da sala de aula? Acho que é isso, “Vamos pra rua”.