A magia do encontro
Acordei hoje pensando nos diferentes e poucos momentos nos quais temos a oportunidade de encontrar com pessoas que gostamos, e expressar como realmente somos.
Cada um de nós deve ter uma ampla experiência em encontros com amigos do trabalho e na contínua conversa sobre os problemas que precisamos resolver, sobre as pessoas que nos atrapalham e os processos que não são como, acreditamos, deveriam ser.
Eu, por exemplo, vivo isso todo o dia.
Todo o dia um entrave novo, e um bom material para uma conversa. Mas estas conversas acabam nos deixando cansados. Isso porque as instituições não vão mudar, as pessoas, eventualmente irão mudar, mas na maioria das vezes permanecem com suas certezas, e o tempo que gastamos conversando sobre isso, limita as possibilidades de conversas reais. Racionalmente pensaríamos nestes meus argumentos e evitaríamos assuntos de trabalho, construindo momentos autênticos de conexão. Mas não existe racionalidade absoluta na conversa humana, e assim perdemos oportunidades.
Entretanto, quando estamos com amigos que não fazem parte desta rede, ou quando misturamos grupos de pessoas que possuem experiências distintas, temos a possibilidade de trilhar caminhos para longe do óbvio. Caminhos que fogem da reclamação e acham convergência em temas que nos unem: música, jogos, esportes, interesses pessoas, hobbies.
Uma boa e despretensiosa conversa é fundamental para abrirmos nossos modelos mentais e ampliarmos nosso olhar. Quando fazemos isso com pessoas que vem de áreas distintas da nossa, isso é ainda mais forte.
Acordei pensando nisso porque ontem tivemos uma noite assim. Passamos 4 horas conversando e usando uma mídia tradicional para gerar uma boa conversa: um jogo de tabuleiro. Estávamos entre 6 pessoas, trocando ideias, tentando entender melhor o outro, e construindo novos discernimentos individuais e coletivos. Falamos sobre escola, sobre nossos momentos na vida, sobre as possibilidades de novos negócios e aproveitamos para, através de um jogo de tabuleiro, entender melhor as percepções individuais de cada um de nós. Só me dei conta que tínhamos celular no final da janta, quando tínhamos que chamar um carro para nos buscar. Fora isso, conexão real, analógica, olho no olho. As relações humanas são feitas disso e a promoção do afeto se dá no contato real. Ontem foi assim, como deve ser. Saímos de lá felizes, esperando o próximo encontro.