A importância da escuta

gustavo s de borba
2 min readAug 20, 2024

Estamos iniciando mais um semestre nos diferentes espaços de aprendizagem que se desenrolam nas instituições de ensino de nosso estado.

Temas como o impacto da tecnologia, o uso da Inteligência Artificial, ou mesmo a evolução dos indicadores de educação em termos de acesso e desempenho estão estampados nas notícias e acabam tendo o protagonismo no debate sobre o presente e o futuro da educação.

Embora estas questões sejam relevantes, o elemento definidor do impacto do processo de ensino e aprendizagem no presente, é resultado de uma construção humana e social: a conexão entre professores e alunos.

Dentro deste contexto, é fundamental que possamos, como professores, redesenhar nossas competências e nossa ação em sala de aula.

A educação se dá sempre contextualizada e todas as formas de ensinar envolvem a compreensão da intencionalidade pedagógica vinculada a nossa ação. Por conta disso, me parece que precisamos avançar em dois elementos centrais e articulados: a ampliação de nosso processo de escuta e a conexão de nossa proposta pedagógica com a realidade dos estudantes.

Saber escutar é uma premissa para a reflexão. Precisamos abrir nosso olhar, ampliar nossa perspectiva e nos deixar impactar pela história, pela vida do outro. Quando estamos em sala de aula, interagimos com muitas possibilidades. Temos, como diz o titulo do livro de Marisol de La Cadena e Mario Blaser: um mundo composto por muitos mundos.

A única forma de reconhecer estes mundos, que vão além do nosso, é a escuta do que nossos alunos tem à dizer.

O segundo elemento é a conexão com a realidade, espaço onde buscamos tangibilizar um dos princípios para o ensino superior no Brasil: a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. Em uma conversa recente que tive com a colega Cristiane Schnack e a escritora Alice Kolb, falávamos sobre a importância do movimento, das conexões entre professores e alunos em um processo de construção coletiva e de criação de espaços vazios, incertezas, conexões improváveis, para a partir dai, projetar momentos de ensino e aprendizagem.

É fundamental compreender que o aluno se conecta no aqui e agora, quando percebe valor intrínseco na atividade. A experiência da rotina, do dia a dia, pode ser uma experiência radical e despertar a curiosidade.

Escutar e conectar com a realidade dos alunos é um caminho com potencial transformador para a educação, mas a escolha desse caminho depende de nós, professores.

--

--

gustavo s de borba

Professor da Unisinos na área de Design. Escrevo aqui sobre o cotidiano, em um diário do período de pandemia, com textos de um ano atrás.