A balada de Tim Bernardes, ou de cada um de nós
A música me surpreende todos os dias.
Hoje eu estava correndo, ouvindo um de meus compositores preferidos, o Tim Bernardes, quando entrou a música A Balada de Tim Bernardes. Eu certamente já havia escutado esta canção, mas hoje ouvi como se fosse a primeira vez. O início da música, “hoje eu me despertei de um sonho lindo, minha vó sorrindo”, remeta a nostalgia que sentimos quando pensamos naquelas pessoas que amamos e nos deixaram. Fiquei lembrando de minha avó, de roupas da cor verde, na cozinha, fazendo algum dos doces que me enfeitiçavam: rapadura de leite, um bolo de chocolate especial, sobremesa de gelatina ou bala de mel.
Esta música navega no passado, resgatando escolhas e transformações que sofremos ao longo da vida, na busca por nossos sonhos. Escutei várias vezes enquanto corria, e sigo ouvindo todo dia, como faço quando acho uma música que me impacta: não paro de escutar. Sonhar, amar, recordar pessoas que perdemos e olhar para o futuro. Essa é a essência dessa música, e em algum sentido, de nossa vida.
Como disse, a música sempre me surpreende e embora eu seja feliz escrevendo textos e crônicas, essa canção está naquela lista curta, quase inexistente, de “músicas que eu gostaria de ter composto”.
Sigo o meu dia lembrando agora dos passeios com meu avô, dos momentos com minha outra avó aqui em Porto Alegre, dos momentos em que eles conheceram minhas filhas. Navego nessas memórias e volto para esse momento, para agora, mais feliz.
Perdi meu pai faz pouco tempo e lembro de um amigo dizer algo como: “agora tu vais ver como teu pai vai aparecer na tua rotina”. E é verdade. Não de uma maneira triste, mas na memória que vem de momentos passados, que transformam nosso momento presente.
Essa música me despertou esse sentimento.
Como diz Tim Bernardes “e transformando ela mudou de plano, um dia todos vamos”.
Fico com essa frase: transformamos o que podemos aqui, para melhor, pensando em todos, até o momento que mudamos de plano.
Um dia, todos vamos.