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gustavo s de borba
2 min readApr 30, 2024

Eu nunca corri uma maratona.

Mas antes disso, eu nunca tinha corrido 35, 30, 25km, uma meia, 15, 10, 5 quilômetros.

Em algum momento de minha vida, eu nunca tinha corrido uma certa distância.

Se vocês pararem para pensar, a vida de cada um de nós é assim.

O que passamos no dia seguinte, mesmo com a rotina e com muitas coisas que se repetem no nosso cotidiano, é sempre diferente.

Cada dia novos desafios aparecem e novas possibilidades se colocam a nossa frente.

Eu nunca fiz isso.

Esse é o primeiro reflexo, o primeiro caminho, para que algo possa ser realizado. Mas a fala, a palavra, tem que ser estímulo. Tem que ser ação.

Quando a palavra se torna obstáculo, paramos.

Morremos.

Esquecemos que somos, na realidade, potência. Somos todo o tempo potência para que algo aconteça.

Quando eu corro, eu sinto isso.

Hoje, 5 dias antes de correr minha primeira maratona, eu me sinto confiante, mas com medo. Um paradoxo estrutural que se revela nessa mesma frase:

eu nunca fiz isso.

A palavra precisa ser estímulo, e assim me pego pensando nas possibilidades que podem se criar, se eu correr. Se eu conseguir transpor a barreira dos 42 km, que hoje são um lugar distante para mim.

Um espaço de incerteza, de dívida, de medo.

Mas também de possibilidade, de desafio, de orgulho.

Eu já escrevi isso antes, mas sempre é bom lembrar: eu corro porque gosto.

Corro porque me reconheço nos pensamentos que me habitam em cada momento que avanço.

Porque me sinto vivo e vivendo.

Daqui alguns dias eu devo ter mais histórias, mas possibilidades. Mais coisas que eu nunca fiz, para pensar. E acho que isso me faz querer avançar. Me faz querer ser. Sentir. Poder. Correr.

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Written by gustavo s de borba

Professor da Unisinos na área de Design. Escrevo aqui sobre o cotidiano, em um diário do período de pandemia, com textos de um ano atrás.

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