Época de avaliar

gustavo s de borba
2 min readNov 27, 2024

Já faz algum tempo que compreendemos que o processo de aprendizagem deve ocorrer a partir da busca pelo desenvolvimento de competências.

Conteúdos, temáticas, assuntos, são veículos para operar estas competências, para efetivamente podermos experimentar, sentir, conectar, aprender.

Embora este seja um caminho que já foi trilhado e está bem definido, nesta época do ano acho que todo o professor se coloca em uma situação de questionamento em termos de avaliação: será que meu processo foi adequado? As avaliações correspondem ao aprendizado dos alunos?

Questões como essas acabam colocando em pauta a conexão entre avaliação processual e de resultado.

Quando pensamos em desenvolvimento de competências, estamos olhando para processos que acontecem ao longo do tempo e a partir de um ciclo de aprendizagem que envolve a experimentação. Dessa forma, não existe um lugar de chegada, e sim um espaço amplo e contínuo de desenvolvimento. A avaliação de resultado, quando busca mensurar este processo, precisa ser relativizada.

Eu costumo dizer que em certa medida é mais fácil avaliar no campo do design por ser um campo intrinsicamente processual: é difícil projetar sem construir um processo que pode ser identificado ao longo do tempo, e de certa forma mensurado. Mas me parece que este tipo de compreensão pode acontecer em qualquer área: o real e efetivo acompanhamento dos alunos acontece a partir do olhar atento do professor, na realidade muito mais do que o olhar, a conexão, a presença, a escuta.

Mas sim, avaliar é um dos elementos importantes do processo de educação. No perfil de educador proposto por Kolb, são quatro os papéis principais do professor: facilitador, treinador, especialista no assunto, avaliador.

Precisamos atuar nestes 4 espaços e em tantos outros para apoiar o processo de desenvolvimento dos estudantes. Entretanto, a avaliação não é ponto de chegada, é parte de um ciclo, de relações que se constroem no dia a dia da sala de aula, da experiência efetiva que os alunos tem com o assunto, com o projeto, com o grupo. Assim, é processo e não resultado.

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Written by gustavo s de borba

Professor da Unisinos na área de Design. Escrevo aqui sobre o cotidiano, em um diário do período de pandemia, com textos de um ano atrás.

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