é possível educar sem estar aberto a aprender?

gustavo s de borba
2 min readMar 25, 2025

Um dos grandes designers da história foi Laszlo Moholy-Nagy. Ele foi professor da Bauhaus, abriu uma escola importante em Chicago, e registrou em seu livro Vision in Motion, como o design pode criar um mundo melhor.

Alice Rawsthorn apresenta este designer como um exemplo do que podemos chamar de Design como Atitude, conceito que envolve a compreensão da potência e do impacto do uso de design para solução de problemas.

Essa construção vem da ideia de que, com a revolução industrial, tudo ficou padronizado, e a ação do artesão, do designer, ficou limitada a espaços específicos de criatividade. Começamos a buscar eficiência, produtividade e restringir a imaginação. Pensar o design como atitude e não como profissão, seria um caminho para retomar a nossa imprevisibilidade, imperfeição, potencial para aprender continuamente. Seria desviar da trajetória que Eduardo Galeano apresenta para o futebol, que deixou de lado o que é improdutivo, como o drible, para buscar o resultado.

Coloco esta breve introdução aqui para falar dos perigos que temos em qualquer profissão, quando buscamos algo único, médio, padronizado.

Educar, por exemplo, não pode ser assim.

A busca por padrões exclui o diferente e leva todos, na maioria das vezes, para o mesmo lugar. Esta perspectiva é contrária ao que temos quando falamos na ação de educar, que envolve um processo não repetitivo, arriscado, considera o cuidado, a construção de bem-estar, a construção de pertencimento. Envolve afeto e criatividade. Envolve estar aberto, todo o tempo, para aprender.

Fico aqui pensando qual seria o valor de um professor, nos dias de hoje, se ele não se interessa por aprender.

Quem não aprende, me parece que não pode ensinar. Quem não tem curiosidade pelos alunos, pelo novo, não promove a construção do pertencimento. Isso porque vivemos nesse entremeio, nesse espaço entre o aprender e o ensinar e que só existe nas correlações, nas teias que se desenvolvem a partir dos diferentes atores que participam desse processo.

Um espaço vivo, sistêmico, impossível de ser replicado, e que nos permite imaginar, criar, conectar.

Ensinar e aprender são ações sobrepostas e entrelaçadas que revelam um valor maior do que cada uma destas ações individuais.

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Written by gustavo s de borba

Professor da Unisinos na área de Design. Escrevo aqui sobre o cotidiano, em um diário do período de pandemia, com textos de um ano atrás.

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